Os consoles de nova geração da Sony e da Microsoft, PlayStation 5 e Xbox Series X/S chegaram em novembro do ano passado, inclusive aqui no Brasil, mas mesmo com bons números iniciais, ambos os aparelhos só terão seu primeiro fim de ano para valer em 2021.
O interesse do público gamer pelos novos aparelhos já era bem conhecido. No Brasil, no começo do ano passado, 50,2% do público hardcore já dizia ter interesse em adquirir estas plataformas logo no lançamento, enquanto 71,1% dos casuais também tem interesse nos novos consoles, mas não planejam comprá-los quando chegarem ao mercado, apontava a PGB 2020.
A Sony divulgou recentemente que o PS5 vendeu 4,5 milhões de unidades desde o lançamento até o fim do ano passado. A Microsoft, por sua vez, não divulga números exatos, mas informou que os novos consoles tiveram o melhor lançamento da empresa, superando bastante os consoles anteriores no mesmo período – pode-se supor, portanto, que os Xbox Series X/S alcançaram pelo menos 2 milhões de unidades vendidas. Dessas, a maior parte foi do modelo mais popular, o Series S, mais por falta de opção do que outra coisa, já que o peso-pesado Series X desapareceu das lojas ainda durante a pré-venda.
Tem, mas acabou
São números ruins? Longe disso, mas bem abaixo do que ambos os consoles poderiam ter alcançado se tivessem conseguido dar conta da demanda. Não foi o que aconteceu. Nas semanas depois do lançamento oficial, era praticamente impossível encontrar os novos aparelhos nas lojas. Mesmo hoje, em fevereiro, ainda é difícil encontrar unidades para comprar nos principais varejistas, no Brasil e no mundo – a demanda elevada já resultou em situações absurdas, como assaltos dignos de Velozes & Furiosos e tumultos em lojas que terminaram na delegacia!
A culpa da escassez é, em partes, da pandemia, que dificultou os processos de fabricação de componentes para as novas máquinas, principalmente os processadores. Essa situação só deve se normalizar na segunda metade deste ano, revelou Lisa Su, CEO da AMD, em uma reunião com investidores. A guerra comercial entre EUA e China também atrapalhou, explicou a executiva.
Com mais consoles nas lojas, o segundo semestre promete ser decisivo para os consoles da nova geração e, como sempre, o final do ano deve ser o verdadeiro campo de batalha pelos corações, mentes e bolsos dos gamers. E para essa guerra, cada uma das fabricantes aposta em estratégias diferentes.
A Sony aposta na força dos jogos exclusivos, grandes produções capazes de vender consoles mesmo antes de estarem prontas e disponíveis. A força dessa estratégia é bem conhecida e tem sido o diferencial do PlayStation desde o PS3. No lançamento do PS4, o consumidor podia levar para casa títulos como o remake de Demons Souls e a versão de nova geração de Marvel Spider-Man: Miles Morales. Lançado junto com o PS5, o jogo do Homem-Aranha vendeu cerca de 4 milhões de unidades no final do ano. Ainda que muitas cópias tenham sido do jogo de PS4, parece óbvio que muita gente que comprou o PS5, comprou também o novo game.
Já a Microsoft reforça cada vez mais seus serviços online, principalmente o Game Pass, com um catálogo recheado de ótimos jogos disponíveis por um preço mensal acessível. O Game Pass é um sucesso, mas a dona do Xbox sabe que precisa produzir e lançar novos games das suas grandes franquias (e inventar algumas novas). Halo Infinite deveria ter sido lançado junto com o Xbox Series X/S, mas acabou adiado, e isso pode ter afetado a decisão de compra de muitos jogadores.
O que vem por aí
Tanto Sony quanto Microsoft têm lançado novos jogos para suas plataformas (e para os consoles anteriores também), como The Medium e Destruction All-Stars, mas por melhores que sejam, esses jogos são aperitivos para manter os jogadores que já compraram as novas máquinas entretidos. As big guns ainda estão por vir.
Os vários estúdios adquiridos pela Microsoft ao longo de 2020 devem começar a entregar resultados no segundo semestre, mas os grandes títulos dessas produtoras devem ficar para 2022 ou além. Para o final do ano, a missão de vender Xbox será do novo Halo, dos jogos third parties e do Game Pass.
Do lado da Sony, a aposta mais segura para o final de ano é Horizon Forbidden West, sequência do premiado RPG da Guerrilla Games. Por mais que os fãs queiram, é difícil acreditar que Gran Turismo 7 ou God of War: Ragnarok cheguem ao PS5 ainda neste ano – e nem precisam. São duas marcas que funcionam como system sellers mesmo que seus novos jogos levem anos para chegar ao mercado, mas essa é outra conversa.
Com várias unidades dos novos consoles nas prateleiras (físicas ou online) e jogos bastante aguardados e que usam os recursos da nova geração para entregar experiências super atraentes, o final de 2021 promete entregar aquele gosto de lançamento de console novo que faltou no fim do ano passado.