Desenvolvedor de Jogos: A carreira e seus desafios

09/10/2023
POR
Thayná Soares
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O que você vai ver neste artigo:

Todo fã de jogos já imaginou como seria desenvolver a própria história. São tantas possibilidades, universos, gêneros e estilos conquistando comunidades mundo afora que é quase impossível não querer viver algo igual. Ou melhor: desenhar algo original para chamar de seu.

Entre uma gameplay e outra, o pensamento “ei, e se eu fosse um desenvolvedor de jogos?” surge como um sonho distante. Para alguns, é claro. Para outros, esse sonho está tão próximo quanto uma tela vazia esperando para ser adornada por códigos.

Como nem todos nós temos o talento tecnológico ou a predisposição para tal, aqueles que o têm viram deuses entre nós. Ou pelo menos é assim que vejo os desenvolvedores de jogos que despendem tempo criando novos mundos do zero.

Mas, afinal…

desenvolvedora de jogos trabalhando em projeto de video-game utilizando dois monitores com modelos e templates 3D

 O que um desenvolvedor de jogos faz?

“Desenvolvedor de jogos” é aquele tipo de profissão cujo nome resume seu propósito.

Sabemos que um desenvolvedor de games desenvolve, mas travamos na hora de destrinchar as responsabilidades e tarefas por trás do desenvolvimento em si.

Vamos falar de uma forma mais poética antes de entrar nos detalhes técnicos. Desenvolvedores de videogames estão ali para transformar ideias e conceitos em uma realidade jogável.

Se você tem um lore pronto e uma visão geral de como esse lore seria explorado em uma gameplay, o “dev” entra com recursos de programação para criar moldes de jogabilidade e elementos gráficos através da codificação.

Isso não quer dizer que o desenvolvedor de jogos também seja o responsável por desenhar a arte como a conhecemos. Para isso existem profissionais como os “concept artists”, que criam a arte principal de um jogo do cenário ao personagem e aos demais itens utilizados.

Nesse caso, os desenvolvedores de jogos podem ajudar na concepção gráfica em si, incluindo na criação de ativos como efeitos sonoros. Com a arte pronta, ele a inclui através da escrita do código que executa o jogo.

pessoa programando e trabalhando em códigos no computador em duas telas

Só que o trabalho do dev não termina quando o jogo está pronto para ser publicado.

Desenvolvedores de jogos não só o desenvolvem do 0 como acompanham sua performance. Isso envolve melhorias da experiência do usuário e testes contínuos para futuros updates – ou apenas para certificar-se de que nenhum bug foi encontrado durante gameplays.

Em suma, as responsabilidades e tarefas de um dev são:

  • Concepção do propósito (framework) do jogo;
  • Tradução da ideia em linguagem de programação;
  • Criação de componentes (assets) visuais e sonoros.
mulher com mecha de cabelo rosa trabalhando em projeto como desenvolvedora de jogos

O que é necessário para ser um desenvolvedor de jogos?

Agora que você já sabe o que um dev faz, hora de aprender o que faz um dev.

Gostar de códigos, computação gráfica e tecnologia são traços de personalidade que antigamente definiam os chamados nerds. Apesar de que eu sempre fui chamada de nerd sem gostar de nenhuma dessas coisas. 😅

Mais do que ter afinidade, é preciso saber usá-la.

Hoje, com a existência de aplicativos e softwares que auxiliam na criação de jogos (como o Unreal Engine e o Unity), saber direcionar essa paixão em projetos táticos não é coisa de outro mundo.

Só que ainda exige bastante foco, interesse e concentração.

Além da criatividade e amor por jogos digitais, as qualidades que um desenvolvedor de jogos precisa ter para começar a desenvolver profissionalmente são:

  • Conhecimento em codificação;
  • Estudo de linguagens de programação (como C, C++ e C#);
  • Conhecimento em uma ou mais engines (como as já citadas Unreal e Unity);
  • Habilidade em lidar com matemática e solução de problemas;
  • Boa organização, motivação e perseverança;
  • Comunicação estratégica (para defender seu projeto).

É por isso que contar com um time pode ser a melhor escolha. Ou até mesmo um único parceiro de trabalho que consiga acompanhar seu raciocínio e te ajude a organizar as demandas.

De qualquer forma, o tamanho do squad não importa desde que você tenha paciência e respeite seu próprio tempo. Todo trabalho requer esforço, e todo esforço é eventualmente recompensado.

desenvolvedor de jogos sentado a frente de computador com modelagem 3D na tela utilizando mesa digitalizadora

O time por trás dos jogos

Só pela menção prévia ao concept artist lá em cima, acho que já deu para entender que uma andorinha só nem sempre faz verão.

É claro que existem exceções à regra, como é o caso do Eric Barone, mais conhecido como ConcernedApe, mais conhecido ainda por Stardew Valley. Com uma carteira de trabalho que inclui desenvolvedor de jogos, designer de jogos, artista, compositor e músico, temos aí um exemplo de um “one man band”.

Em contrapartida, Stardew Valley não é um jogo que podemos comparar a grandes franquias em termos de entrega. O jogo de gráficos pixelizados e jogabilidade 2D lançado em 2016 levou 4 anos e meio para ser finalizado.

“Quando comecei, não sabia muito sobre como fazer videogames, mas aprendi as habilidades necessárias com o passar do tempo.” Relata o próprio ConcernedApe, em um post no Reddit. “Depois do lançamento de Stardew Valley para PC, ele [o jogo] rapidamente se tornou um sucesso global. Daí em diante, procurei a ajuda da minha editora, Chucklefish, para portar e localizar o jogo.”

Até desenvolvedores de jogos independentes precisam contar com o eventual apoio de outros profissionais de vez em quando.

Dito isso, aqui vai uma lista dos nomes que normalmente fazem parte da jornada de um videogame (da concepção à publicação):

  • Designer gráfico
  • Roteirista
  • Concept artist
  • Dublador (quando há inserção de voz)
  • Programador
  • Localizador
  • Publicadora de confiança
desenvolvedora de jogos trabalhando em escritório de empresa gamer com um monitor e um tablet

Quais são os desafios de um desenvolvedor de jogos?

Desenvolver um jogo vai muito além da criação de gráficos que o tragam visualmente à vida.

Além das dificuldades básicas de encontrar um time igualmente motivado para dar luz a uma ideia, existem também os desafios durante a concepção e após a publicação. Neste último, surge a necessidade de apresentar e defender seu jogo pronto como algo a ser disseminado no mercado.

E, é claro, a própria manutenção da carreira.

gráficos da Pesquisa Game Brasil sobre oportunidade de carreira na área de desenvolvedor de jogos no Brasil

No geral, segundo nossa amada Pesquisa Game Brasil, mais de 50% dos jogadores brasileiros visualizam potencial de carreira dentro da indústria.

Gabriel Chiconi, desenvolvedor web há mais de 5 anos, é novo no lado gamer da profissão e vem navegando entre projetos independentes. Segundo ele, os maiores desafios encontram-se na escassez de oportunidades justamente para quem está começando de forma independente.

Outro obstáculo, dessa vez para devs que já possuem os jogos prontos, são as taxas elevadas de plataformas e lojas digitais. Nesse caso, para colocar um jogo à disposição do público em sites grandes como a Steam e a Apple Store, o valor chega a ser um alto investimento à parte.

Mas é claro que contar com associações e instituições profissionais também fazem toda a diferença no crescimento do desenvolvedor de jogos local.

Principalmente quando levamos em conta a importância do networking.

desenvolvedor de jogos trabalhando com modelagem de personagem em dois monitores

O apoio que o desenvolvedor de jogos recebe no Brasil

No Brasil, temos a Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Games). Em seus quase 20 anos de existência, a entidade sem fins lucrativos tem como objetivo fortalecer a indústria nacional de desenvolvimento de jogos.

Associações como essa proporcionam experiências importantes para a disseminação da indústria de jogos local. Antes de alcançar o mercado internacional, por exemplo, muitos desenvolvedores de jogos começam pela própria cultura.

A partir dela, a expansão global torna-se uma possibilidade através do bom e velho networking – e da igualmente boa e velha persistência.

Um dos maiores eventos gamers do mundo, a Gamescom desse ano recebeu mais de 50 estúdios nacionais numa parceria da Abragames. A presença brasileira contou com indies inéditos dos mais diversos gêneros que, além de apresentados ao público internacional, também tiveram a oportunidade de conquistar o interesse de profissionais do mercado exterior.

logo da Gamescom em dispositivo mobile

Em nossa passagem pelo evento (sobre o qual você pode ler aqui), conversamos com Alessandro da Hammer95 Studios, desenvolvedor de jogos indie há 10 anos. Sua primeira vez no evento foi motivada por um projeto recente que vem ganhando destaque (Mullet Mad Jack, na Steam).

Segundo ele, o maior desafio do desenvolvedor de jogos brasileiro é fazer o jogo ser notado. Alcançar publicadoras de jogos, veículos de imprensa e o próprio público consumidor pode ser um desafio e tanto para nomes novos no mercado.

Em contrapartida, encontrar apoio na própria comunidade brasileira é algo cada vez mais frequente. Jogos localizados (e locais, é claro) agradam os gamers justamente por acolherem suas respectivas culturas.

imagem promocional do jogo A Lenda do Herói, jogo de desenvolvedores brasileiros

Extra: Alguns do melhores jogos indie desenvolvidos por brasileiros

E é claro que eu não poderia acabar esse artigo sem mandar um salve para os desenvolvedores de jogos brasileiros! A jornada pode até ser árdua, mas colher os frutos faz tudo valer a pena.

Existem tesouros incríveis espalhados pelo universo indie local. Que tal alternar as gameplays do último lançamento da Nintendo com algumas produções menores e tão geniais quanto?

Aqui vai uma lista rápida com alguns dos melhores jogos indie de desenvolvedores de jogos novos no mercado. Quem sabe um dia você não vê o seu em um artigo como esse? 😉

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