O campo de futebol nos games mudou

Como marcas esportivas buscam uma nova geração de torcedores
Neymar Jr em fortnite
22/03/2021
POR
Carlos Silva
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Muitas vezes quando falamos de esportes e games, automaticamente associamos a ideia ao cenário competitivo de eSports ou aos jogos tradicionais como FIFA, PES, NBA 2K e outros.

A segunda opção é uma associação que faz sentido se avaliarmos pelo aspecto do fã, que gosta de futebol, basquete ou outro esporte e também pode ser gamer. Mas antigamente esse era o único formato que era percebido, ou que era mais fácil de criar uma associação.

Jogos de esporte são muito populares e no Brasil, os games de futebol dominam os rankings de mais vendidos todos os anos, pois fazem parte do modelo de negócios com novas edições lançadas anualmente.

O FIFA (desenvolvido pela EA) e o eFootball PES (jogo da Konami que no passado era chamado Winning Eleven), levam a imagem dos grandes atletas e clubes em suas capas e em ações de marketing. Mais populares no mercado norte-americano, outros jogos de esporte como NBA 2K (basquete), Madden NFL (futebol americano) e NHL (hóquei) seguem a mesma estratégia consagrada.

O campo agora é outro

Mas esse movimento vem mudando, e não por conta dos produtos mas sim com os atletas, clubes e marcas que precisam renovar sua base de torcedores e para isso se associam aos novos rumos da indústria de games e impactar o público jovem onde ele consome entretenimento.

Vou dar alguns exemplos: logo antes do Super Bowl, os jogadores de Fortnite podiam adquirir uma skin ou vestuário dentro do jogo associada aos times de futebol americano. O jogo também teve uma parceria similar com clubes de futebol, com as camisas de 23 clubes disponíveis para os jogadores. No Brasil isso aconteceu com o Santos FC e Bahia EC, realizando na mesma época um torneio que levava o nome do Pelé.

No Free Fire já tínhamos visto ação parecida com a camisa do Corinthians dentro do game. O time de Free Fire do Corinthians foi campeão da LBFF e sempre está em destaque nos torneios do jogo.

Mais recentemente vimos o anúncio da entrada do Olaria nos eSports, um time muito tradicional do Rio de Janeiro e que irá fazer a peneira para encontrar jogadores e formar sua equipe de Free Fire, seguindo o caminho já trilhado por Santos, Flamengo, Botagogo, Cruzeiro e outros.

No campo das licenças, Neymar Jr. vai se transformar em um personagem de Fortnite! A ação é inédita no jogo da Epic, mas já aconteceu na concorrência: Cristiano Ronaldo emprestou seu rosto para um personagem de Free Fire em 2020.

Nomes renomados no futebol tradicional e muito populares com o público mais jovem, Neymar e Cristiano Ronaldo sabem que podem eternizar suas marcas pessoais com uma nova geração de fãs, indo muito além do que conseguiriam apenas participando em games tradicionais de futebol.

Em busca do novo torcedor

Esse movimento tem um grande objetivo, que é aproximar ainda mais o torcedor do clube que também consome outros jogos e não se limitar aos games de futebol ou esportes tradicionais.

O próprio movimento dos clubes tradicionais entrando nos eSports (competições de jogos eletrônicos) vem da mesma necessidade. É bem possível que os novos torcedores dos clubes não estejam entre os que jogam games de futebol e não acompanhem mais o futebol do final de semana, e sim uma LBFF, CBLoL ou outro dos tantos torneios de eSports que competem pela audiência na internet.

Eu acredito que esse movimento é muito maior, pois ele tenta resgatar uma conexão que era uma paixão passada dos pais para os filhos, a paixão pelo clube esportivo. É possível que essa estratégia consiga atrair um público novo para os clubes esportivos ao reacender o principal motivo que leva as pessoas a torcerem, que é a paixão.

A paixão move os fãs de jogos digitais e também os torcedores de esportes competitivos, podendo assim conectar com um novo tipo de torcedor e um novo tipo de fã, e usar os grandes símbolos de esportes tradicionais permite mostrar que esses clubes estão olhando para essa nova geração de torcedores em potencial.

É um ótimo negócio para clubes e para as publishers, mas mais importante, o jogador sai ganhando, ao encontrar seus atletas e clubes não apenas nas capas de FIFA e PES, ou mesmo no tradicional futebol da televisão no fim de semana.

A disputa pelos corações dos novos torcedores agora é em outro campo e os clubes que entenderem e dominarem as regras do jogo sairão na frente, seja com times profissionais ou com craques que cativam os fãs em suas performances individuais.

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