Geração Z e os games: Qual e como é a relação entre os dois?

jovem da geração Z com óculos de realidade aumentada jogando video-game
01/08/2024
POR
Thayná Soares
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O que você vai ver neste artigo:

Alguns jogos não envelhecem nunca.

Quantos são os clássicos que ainda fazem um sucesso arrebatador nos dias de hoje? Clássicos estes que crescemos jogando, atualizando e/ou revisitando quando nos sentimos nostálgicos?

Muitos.

Só que não é porque alguns de nós envelheceram que o público que os consomem tenha se limitado a algumas gerações. Isso porque eu mesma faço parte da tão repercutida geração Z.

Garota famer da geração Z com headset no pescoço segurando a lente da câmera olhando para a lente

Afinal: O que é a Geração Z?

A Geração Z, também conhecida como Zoomers, é o grupo demográfico que sucede os Millennials e antecede a Geração Alpha. Em geral, compreende pessoas nascidas entre 1997 e 2012, embora alguns estudiosos ampliem essa faixa para incluir nascidos até 2015.

“Bom, mas se nasceram em 1997, então também pegaram a era dos CDs, da internet discada e da lan house.”

Sim, não somos tão jovens quanto nos sentimos ser. Diferentemente dos nascidos de 2005 em diante, alguns membros da geração Z não nasceram com um smartphone em mãos, mas definitivamente viram o boom tecnológico que os permitiu abandonar as buscas bibliográficas da vida e recorrer ao Google durante a época de escola.

Para uns, a memória mais intensa em relação a jogos favoritos da adolescência já entra no âmbito da internet e no consumo 100% digital.

O que não acontece com os Millennials, por exemplo, que devem se lembrar mais avidamente dos gastos com revistas de games, cartuchos de console e outros aparatos físicos.

Cada geração teve seu auge nostálgico. Fora ele, cada uma também conta com suas principais características observadas por estudiosos.

Aqui estão as mais marcantes da Geração Z:

  • Cresceram imersos em um mundo conectado
  • Valorizam a autonomia e oportunidades flexíveis
  • Se preocupam com questões sociais e ambientais
  • São criativos e rápidos em se adaptar a novas tecnologias
  • Preferem a comunicação online e valorizam a objetividade
grupo de jovens tirando uma selfie

Características demográficas e comportamentais gerais

Segundo estimativas, a Geração Z representa cerca de 26% da população mundial, contabilizando aproximadamente 2.4 bilhões de pessoas globo afora.

Ela também é considerada a mais diversa da história, com grande representatividade de diversas etnias, culturas, religiões e orientações sexuais.

Essas mesmas estimativas apontam um alto nível de escolaridade entre os Zoomers, onde muitos buscam a qualificação profissional e desenvolvimento constante — reflexo de um período onde encontrar estabilidade no mercado de trabalho tem se tornado uma de suas prioridades.

A Gen Z é a primeira geração considerada “nativa digital”. Considerando seu nascimento próximo à virada dos anos 2000, essa geração cresceu com acesso constante à internet e à tecnologia desde a infância.

Essa intimidade com o mundo online não só acompanhou seus primeiros passos para além do parquinho como moldou diversos aspectos de suas vidas, desde a comunicação até o consumo de informação e entretenimento.

O que os smartphones, tablets e mídias sociais têm em comum? Hoje, não conseguimos viver sem. Crescemos ao lado deles. Nos apoiamos neles para fazer escolhas importantes como quais produtos vamos testar ou quais jogos iremos jogar na fila do consultório médico.

Além disso, são ferramentas indispensáveis para a Geração Z, a primeira geração que adquiriu experiência online antes mesmo de começar a trabalhar.

Por conta dessa experiência, Zoomers são consumidores conscientes e engajados. Eles valorizam experiências personalizadas, produtos de qualidade e marcas com propósito social.

Sem falar que 61% da Geração Z no Brasil prefere comprar online do que em lojas físicas, de acordo com a McKinsey & Company.

A era dos videogames em prateleiras virtuais se sobressai à velha busca por cartuchos em estantes de verdade.

garota gamer sentada sorrindo em cadeira gamer segurando mouse com a mão no teclado jogando game no computador

O papel dos jogos na vida da geração Z

Jogos deixaram de ser “apenas entretenimento” para muita gente.

No caso da Geração Z, eles se tornaram elementos essenciais para o desenvolvimento de suas vidas sociais, emocionais e até mesmo profissionais. O tipo de coisa que se espera de convívios instantâneos com pessoas de qualquer parte do mundo.

Jogos online criaram conexões valiosas entre estranhos que, em pouco tempo, se tornaram amigos. A partir dessas relações dinâmicas nasceram as comunidades, que em seus altos e baixos fortaleceram laços sociais.

Explorar a identidade gamer não necessariamente exclui a identidade além dos jogos. É também através de avatares e IDs virtuais que muitos obtêm a compreensão de quem realmente são, de como constroem relacionamentos e de quais grupos se sentem parte dentro e fora das telas.

Online ou não, jogos multiplayer desenvolvem habilidades de comunicação, colaboração e resolução de problemas em grupo — vantagens indispensáveis para situações do mundo real.

Vamos explorar essas ideias por partes:

jovens da geração Z concentrados com headset jogando games online

Crescimento da cultura gamer

A cultura gamer, ainda mais popular entre adultos de 30 a 45 anos segundo a PGB, está em expansão entre a Geração Z também. Estamos falando de um fenômeno global que transcende o entretenimento e se manifesta em diversos aspectos, sejam eles gamers ou não.

A popularização de smartphones, computadores e consoles proporcionou um acesso mais amplo e democrático aos jogos; parte da rotina da Geração Z.

É claro que não vivemos em uma democratização ideal devido ao alcance ainda limitado da internet, mas comparado a vinte anos atrás, a evolução do acesso é bastante significativa.

Assim como a diversificação dos jogos disponíveis.

Hoje, podemos contar com títulos casuais para mobile, jogos complexos e imersivos para plataformas mais robustas, narrativas intensas para jogadores que curtem um desafio: preferências e perfis pertinentes à qualquer geração.

pro-players em campeonato de e-sports

Ascensão dos eSports

A chegada da internet possibilitou a conexão com jogadores de todo o mundo, criando comunidades online que têm impulsionado os esportes eletrônicos.

Em sua disseminação, apoio e patrocínio, o ecossistema esportivo dos jogos digitais não só alcança milhares de views todos os dias como também atrai a fidelização de um público cada vez mais consolidado.

Apesar da maioria dos jogadores BR estarem na faixa etária dos 30 aos 40 anos, os eSports são especialmente populares entre os jovens, incluindo então a Geração Z. E eles levam a prática a sério.

Dados da Pesquisa Game Brasil deste ano apontaram que 76,5% dos gamers brasileiros consideram os eSports uma modalidade esportiva legítima, 85,2% acham que é uma atividade séria e comprometida, e 73% querem saber tudo sobre a história dos seus times.

Mais uma vez comprovando que a identidade e o pertencimento são pontos fortes no consumo de jogos para além do entretenimento.

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gamers comemorando vitória em partida de jogo online

Games como forma de expressão

Como você se expressa? Geralmente, quando perguntados sobre quem somos, acabamos por incluir “etiquetas” em nossas apresentações. Alguns se introduzem como pessoas que gostam de ler, outros, como pessoas que gostam de assistir a filmes, de ir à praia, de sair com os amigos e, finalmente, de jogar videogames.

A forma como nos apresentamos na sociedade é um reflexo da forma como nos expressamos.

Assim como a forma que nos vestimos com camisetas de times ou personagens, a forma com que falamos e os conhecimentos que compartilhamos em temas nichados, entre outras expressões à primeira vista ou não.

Para os games, essa forma de expressão começa no próprio meio virtual.

Através de elementos narrativos, gráficos e interativos, os jogos permitem a criação de mundos imersivos, a comunicação de ideias complexas e a exploração de diversas emoções.

Já sabemos que é possível, sim, nos expressarmos através do digital. Mensagens, imagens, comunidades e avatares estão aí para comprovar que muitas das primeiras expressões vieram de títulos que os zoomers jogaram durante a infância.

Além disso, a indústria de games está se tornando mais diversa e inclusiva, com a presença crescente de pessoas de diferentes gêneros, sexualidades e etnias em comunidades gamers, assim como em representações de personagens em grandes franquias.

Em suma, jogos podem ser uma ferramenta poderosa para a expressão individual, a comunicação de ideias e a promoção de mudanças no mundo, principalmente ao se tratar de um grupo tão engajado quanto a Geração Z.

jovens da geração Z se juntando em comunidades de fãs - ou fandoms

Fandoms e comunidades de nicho

Fandoms e comunidades de nicho sempre existiram, afinal, somos seres sociais; mas foi na era digital que os vimos impulsionados pela paixão por temas específicos, hobbies e interesses em comum.

Através da internet e das diferentes plataformas dentro dela, esses grupos encontraram espaços para gerar conexões de valor, onde compartilham experiências, criam conteúdos diversos e celebram suas paixões.

Fandoms são grupos de pessoas que compartilham interesse por um determinado “objeto cultural”, como títulos específicos de filmes, séries, livros, música, jogos, artistas e/ou celebridades.

Já comunidades de nicho são grupos que se reúnem em torno de um interesse ou hobby específico, que pode ser desde colecionar figurinhas até praticar esportes igualmente específicos.

Tanto os fandoms quanto as comunidades de nicho podem impactar a cultura popular. Não é incomum vermos “fã clubes” influenciando tendências, lançamentos de produtos e até a produção de conteúdo original por parte das empresas.

Coisas que a Geração Z já sabe fazer de cor.

jovem sentada em escada escutando música no celular com headfone

Como a Geração Z se relaciona com a indústria de jogos

Toda essa imersão digital que expliquei anteriormente é responsável pela forma como essa geração se relaciona com a indústria de jogos.

Zoomers sabem utilizar a internet a seu favor, incluindo a busca por entretenimento e conexões substanciais. Suas preferências são cada vez mais diversas, assim como as comunidades online que constroem rede adentro, e uma forte necessidade de pertencimento que os acompanha a todo lugar.

Mas vamos por partes:

Preferências de jogos

Entre tantos títulos para escolher, há também as expectativas para cumprir.

Grande parte da Geração Z espera jogos de alta qualidade, com gráficos excepcionais, jogabilidade inovadora e histórias envolventes. Falo com propriedade: indivíduos dessa geração não hesitam em criticar jogos que não atendem às suas expectativas, utilizando as redes sociais como palanque para expressar suas insatisfações.

E satisfações, é claro. Não somos monstros.

Com o poder das redes na mão, Zoomers exaltam e reclamam em medidas iguais. Um grupo que cresceu vendo a evolução tecnológica dar um salto de 200 metros tem todo o direito de fomentar expectativas altas.

jovem estilosa da geração Z andando em calçada movimentada com fones de ouvido

Tendências de consumo e comportamento

A Geração Z é um dos principais impulsionadores do crescimento da indústria de jogos.

Até porque, por mais jovens que pareçamos, já estamos dentro do mercado de trabalho, seja como “noobs” ou como “pros” em construção.

Essa geração busca jogos variados, desde títulos simples e leves até jogos complexos de intensas gameplays. Ela acompanha influenciadores e streamers em tudo que é plataforma, contando com esse grupo igualmente engajado para receber indicações, tutoriais e conteúdos de entretenimento.

Muitos jovens inclusive se interessam por desenvolvimento de jogos, criando seus próprios jogos e mods, e até mesmo buscando carreiras na indústria. O consumo não se limita ao lobby, e o comportamento fora dele dita a regra do jogo.

Relação com marcas e outras empresas

Marcas autênticas e transparentes = amor instantâneo. O que a Geração Z tem de antenada ela tem de preferência. Empresas que assumem seus erros, demonstram seus valores e se engajam em causas sociais são as que mais se destacam para ela.

Esqueça o foco em lucro e evolução industrial, pelo menos por um momento. Zoomers buscam marcas que valorizam um propósito para começo de conversa, incluindo a contribuição para um futuro melhor, afinal, estaremos nele.

Experiências personalizadas, autênticas e inovadoras fazem toda a diferença

Há também a preferência por comunicações diretas e sinceras, principalmente pelas redes sociais, onde passam a maior parte do tempo. Nelas, a Geração Z valoriza conteúdo relevante, informativo e que agregue valor, indo além da publicidade tradicional.

O tipo de coisa que jogos ajudam a providenciar.

jovem sorrindo mexendo no celular com headset no pescoço

Como as marcas se conectam com a Geração Z através dos jogos

Sabemos agora que toda essa familiaridade com o mundo virtual abre um leque de oportunidades quando se trata de conexões.

Marcas relacionadas a jogos no âmbito digital podem alcançar um público ainda mais amplo, mas ainda assim trabalhar com tipos de segmentação. Os principais tipos, trabalhados também pela PGB, são a demográfica, a de interesses e de comportamentos, uma trindade relevante para as marcas que desejam direcionar suas mensagens com maior precisão.

Os games por si só já proporcionam uma experiência imersiva e envolvente. É ela que captura a atenção da Geração Z por longos períodos de tempo, criando uma conexão profunda com a história e até com a própria empresa por trás dela.

Entre os jogadores pesquisados pela PGB, por exemplo, 57% preferem comprar produtos de empresas que atuam com games e 65,3% acreditam que elas precisam falar sobre a cultura gamer.

Marcas envolvidas neste ecossistema conseguem transmitir mensagens diversas com o tipo de criatividade que fica na memória de quem a consome.

Isso sem falar que a associação da marca com um ambiente divertido — como os games — pode gerar um impacto positivo na percepção e na fidelidade do consumidor, seja ele Zoomer ou não.

Impactos dos jogos em outras áreas para a geração Z

A influência dos jogos vai além do entretenimento para muita gente, incluindo a Geração Z, ávida consumidora do entretenimento multimídia.

Os impactos do consumo em suas vidas moldam suas identidades e sua visão de mundo, como citado anteriormente neste artigo. Através da imersão em diferentes realidades virtuais e da interação com personagens, histórias e comunidades envolventes, os games proporcionam momentos valiosos de descobrimento, desenvolvimento de habilidades e reflexões sobre questões de importância social.

Isso tanto de dentro para fora quanto de fora para dentro.

jovens de geração Z com cabelos coloridos trabalhando em escritório

Educação e carreira

A Geração Z, nascida entre o fim da década de 1990 e início dos anos 2010, cresceu imersa em um mundo digital onde os jogos fazem parte da vida cotidiana desde a época dos CDs.

Essa aproximação tecnológica é refletida em diversos impactos, entre eles a evolução da educação individual e a busca por carreiras equivalentes ao desenvolvimento dessa geração, abrindo novas portas de aprendizado, oportunidades de capacitação e preparação para um futuro cada vez mais tech.

Resumindo em tópicos, temos:

  • Aprendizagem Imersiva e Engajadora
  • Desenvolvimento de Habilidades para o Futuro do Trabalho
  • Preparação para Carreiras no Setor de Games e Entretenimento Digital
jovem relaxada ouvindo música no headset de olhos fechados no sofá de casa

Saúde mental e bem-estar

Jogar para se distrair, jogar para se divertir, jogar para se acalmar.

Não é só de competição que vive o jovem gamer. Alguns jogos também proporcionam momentos de relaxamento e conforto, ajudando a reduzir o estresse e a ansiedade do cotidiano. Games que trazem experiências positivas e reconfortantes podem contribuir para melhorias na qualidade de vida, especialmente para pessoas que se sentem isoladas, solitárias ou presas em rotinas cansativas.

Sim, eles também podem ser utilizados em contextos terapêuticos. Existem títulos especialmente feitos para auxiliar no tratamento de diversos transtornos mentais, como ansiedade, depressão, fobias e traumas.

A luta contra as “amarras mentais” é algo bastante frequente nas gerações mais novas. Hoje, mais do que nunca, vemos uma crescente em diálogos sobre o tema e diagnósticos sérios, até porque a própria ciência é diretamente afetada pelos avanços da tecnologia.

Nada mais justo do que vermos os jogos digitais acompanharem essa tendência.

jovens protestando com cartazes em prol do meio ambiente

Desenvolvimento social

Permitem que jogadores de todo o mundo se conectem, colaborem e construam amizades virtuais, combatendo o isolamento social e promovendo o senso de comunidade.

Jogos que exigem trabalho em equipe, comunicação e coordenação estimulam o desenvolvimento de habilidades sociais importantes para a vida em sociedade.

Jogos que abordam temas sociais relevantes podem levar os jogadores a refletir sobre valores como justiça social, igualdade, sustentabilidade e responsabilidade.

Em outras palavras, jogos são um meio. É dentro dessa mídia tão imersiva, dinâmica e majoritariamente divertida que vemos o poder de temas de responsabilidade social ganharem novas dimensões.

Assim como é dentro dela que exercemos nosso conhecimento.

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