NOOB EM PESQUISA: GAME DESIGN

Guia de Estudos
06/11/2020
POR
Carlos Silva
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O que você vai ver neste artigo:

Estudar game design é um caminho sem volta. De um lado, é muito interessante descobrir as reflexões e técnicas que estão por trás das grandes obras lúdicas da indústria contemporânea, como as estratégias narrativas de God of War, as técnicas de socialização em Fortnite ou os métodos de balanceamento de dificuldade em Street Fighter V. Mas uma vez que você descobre como a “mágica” é feita, uma parte do encanto é quebrada, e seus olhos nunca mais enxergarão um jogo da mesma maneira. Você começará a entender melhor o motivo pelo qual você gostava tanto daquele game antigo (no meu caso, vida longa à Shinobi III e Enduro).

Ao mesmo tempo, jogos do momento não terão o mesmo sabor, porque você não cairá tão fácil nas artimanhas estéticas de encantamento e esperará mais do produto que comprou. Em compensação, verá valor em obras simples, mas com ideias boas e bem executadas, que vez ou outra pipocam na indústria indie dos jogos. De qualquer modo, trata-se de um conhecimento técnico muito interessante e, acredite, muito útil na vida de muitos profissionais de áreas não relacionadas. Professores, por exemplo, são game designers sem saber. Eles precisam desenvolver atividades compostas de regras e objetivos claros, planejar momentos de ação livre, direcionar desenvolvimento de competências, avaliar habilidades, mensurar resultados… é quase o mesmo trabalho de um game designer, mas com o complemento da responsabilidade do desenvolvimento humano. Aqui, falo por experiência: estudar estas técnicas de game design vão torná-los profissionais mais versáteis, no mínimo.

Outros profissionais que se deleitariam com esse conhecimento são os profissionais de publicidade e marketing, pois já não aguentamos mais as promoções culturais do tipo “a frase mais criativa ganha”, ou “junte 10 e troque”. Programas de milhagem, de pontos e outros benefícios estão desgastados, desenvolvidos em uma época onde a cultura máxima de jogos da população era, com sorte, futebol e banco imobiliário. Hoje já somos milhões de jogadores, e temos uma indústria que desenvolveu muito as técnicas de game nos últimos 40 anos. Fica a dica.

SCHELL, Jesse. The Art of Game Design: a book of lenses. Nova Iorque: CRC Press, 2008A bíblia do game design. Um excelente guia de referências, inclusive de outros livros da área. É um texto de consulta, mas que tem perspectivas muito inteligentes, tanto para pesquisadores quanto para construtores de jogos.
TREFAY, Gregory. Casual game design: designing play for the gamer in all of us. Massachusetts: Elsevier, 2010Boas dicas para quem quer ir direto ao ponto, pensando em jogos mais simples. Também um bom guia consultivo, sem grandes pretensões.
ADAMS, Ernest. Fundamentals of game design, second edition. Berkeley: Pearson Education, 2010Outra bíblia do Game Design. Adams é um desenvolvedor de jogos há muitas gerações de videogame. É amplo e tem uma linguagem bastante simples, funcional.
FULLERTON, Tracy. Game Design Workshop: a playcentric approach to creating innovative games. Burlington: Elsevier, 2008Também game designer, Fullerton tem uma abordagem voltada para projetos, além de explorar bem o Game Design. Um bom guia para quem quer saber como organizar seu trabalho e comercializá-lo.
BRATHWAITE, Brenda; SCHREIBER, Ian. Challenges for game designers: non-digital exercises for video game designers. Boston, Cengage Learning: 2009Para quem já fez suas experiências em games, este livro contém diversos desafios de aprimoramento. Gosto muito da organização que ele faz de mecânicas de jogos – por isso uso ele em sala de aula!
SALEN, Katie; ZIMMERMAN, Eric. Rules of play: Game design fundamentals. MIT press, 2004

SALEN, Katie; ZIMMERMAN, Eric. Regras do jogo: fundamentos do design de jogos. São Paulo: Blucher, v. 1, 2 e 3, 2012.
Salen e Zimmerman são conhecidos pelo seu pioneirismo nos estudos de game design. Por conta disto, muitos dos outros livros apresentados aqui fazem referências às suas pesquisas. Foi a primeira obra de relevância na área de produção de jogos e, por isso, importante para entender diversas discussões que temos hoje na área.
A versão em português é parcelada em três livros.

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